Não sou muito afeito a tratar temas cujo conteúdo eu possa ter pouco domínio, as conversas de bar é que se prestam às teorias eloqüentes do senso comum, como se diz com freqüência nos textos de metodologia científica. Aliás, o método científico preconiza o oposto, falar com segurança, fundamentado em evidências, qualitativas ou quantitativas, extraídas de um processo metódico de investigação.
Digo isto como introdução a esta reflexão, por que uma questão está a rondar meus pensamentos, desde algum tempo: por qual razão nos recusamos tanto à excelência, a fazer as coisas com a perspectiva de que terão o melhor e maior resultado possível?
Trata-se de uma questão quase existencial! Cidadãos, políticos, gestores, estudantes, enfim, quase todos nós temos certa dificuldade de fazer as nossas tarefas, não pela razão de serem difíceis, mas em decorrência do fato de que muitas vezes nos empenhamos pouco, ficamos desatentos e perdemos o foco de nossas atitudes, mesmo em relação a questões do tipo familiar.
Uma excepcionalidade a esta constatação, poderia ser identificada no caso dos empresários da iniciativa privada, cuja punição pela falta de atenção aos princípios da excelência, muitas vezes leva à falência, ou, no mínimo, à depreciação do patrimônio empresarial, tornando a atividade muito menos rentável do que poderia ser.
Imaginemos outros povos, como os americanos, ingleses, franceses, coreanos, japoneses, e outros mais, que hoje fazem parte do mundo desenvolvido. Como chegaram à condição em que hoje se encontram? Sociedades capazes de oferecer padrões de bem estar social bastante elevado às suas populações, em que pesem as desigualdades de renda e de outros aspectos sociais ainda existentes naquelas sociedades. Arrisco dizer que, em algum momento de sua história, optaram por um caminho de desenvolvimento, a partir do reconhecimento de que “coisas bem feitas” são conquistas importantes, que não decorrem do acaso.
Com o termo excelência, que tem definição larga, remeto à ideia de superioridade de qualidade, um atributo do fazer humano que induz as pessoas a se destacarem positivamente, em razão da utilidade do que fazem e do possível prazer que possam proporcionar com o que oferecem ao outro.
Em nossa cultura, muitas vezes a esquecemos no trato com as pessoas, no dia a dia das nossas atividades profissionais e na relação com o coletivo, pensado como a nossa contribuição para o bem estar comum, imaginado como um tipo de comportamento capaz de beneficiar indiretamente pessoas que sequer conhecemos. Um exemplo muito claro seria o de não jogar lixo nas ruas, em função da sujeira e dos prejuízos coletivos que ocasiona.
Será que podemos imaginar o enorme prejuízo que impomos aos demais cidadãos todos os dias, em função de nosso comportamento desleixado e muitas vezes inconseqüente? Em uma situação concreta, andando no centro da cidade, um pequeno cruzamento de vias, um motorista ensandecido com o carro da frente em razão deste estar parado um pouco antes do acesso à rua lateral, na tentativa de não bloquear ainda mais o trânsito. Buzinaço, impropérios e impaciência, pelo simples fato de que o motorista à sua frente estava sendo gentil, simplesmente.
Mais um exemplo que considero digno de nota. Em outros países, sobretudo de clima temperado, o transporte público oferece uma regularidade muito significativa. Nos locais de parada há folhetos indicando o tempo de percurso e, a partir disso, os momentos exatos, ao longo do dia, em que se poderá pegar o transporte. Isto faz uma enorme diferença, quando se trata de inverno, que em alguns lugares castiga a população com temperaturas negativas insuportáveis.
Nos dois exemplos estão claros os extremos de comportamento. Cidadãos privados que divergem no sentido do respeito ao outro e um poder estatal que, ao conferir regularidade ao funcionamento de importante bem público, indica para o seu cidadão que há genuíno interesse por seu bem estar.
É óbvio que não vivemos esta situação no Brasil! Em pouquíssimos serviços somos agraciados com bom atendimento, presteza no trato e, principalmente, excelência do serviço. Mais do que isto, temos todos rosário importante de desculpas a deslindar se não conseguimos nos portar corretamente e oferecer aquilo que, de um ponto de vista social, se espera de nosso comportamento.
Instituições como escolas, hospitais, bancos e o trânsito funcionam como janelas de nossos valores, verdadeiros espelhos da maneira como olhamos para os outros e os percebemos. Pequenas descortesias, ausências, atrasos, procastinações, desculpas e desleixo são ingredientes infalíveis para o mal estar que a vida social nos imprime. Sem falar das necessidades da sobrevivência, em um ambiente capitalista e competitivo.
Toda estas reflexões, insisto, muito superficiais, vêm de minha profunda incompreensão para com os estreitos limites que nos impusemos na vida social e profissional. Somos incapazes, muitas vezes, de manter ambientes limpos, a gentileza do trato, o cumprimento de horários, o silêncio quando o outro está falando, a cortesia dos bons dias e “muito obrigados” tão essenciais para amenizar as pressões da vida cotidiana.
Pior que tudo, cultivamos isto em crianças e jovens, à medida que não delimitamos a ideia de autoridade necessária à constituição dos limites da personalidade, seguindo a compreensão de que há o certo e o errado. E permanemos detentores de uma das sociedades mais desiguais do mundo, em que o outro, muitas vezes nos é invisível.
Retorno a um ponto já mencionado. As sociedades mais desenvolvidas do planeta construíram suas referências de vida social, muitas vezes através de processos dolorosos de revoluções e guerras civis.
Nós brasileiros tivemos a sorte de não passar por esses momentos de depuração social e deveríamos aproveitar a oportunidade para nos construir de outro modo, a partir da noção de que o fazer é intimamente ligado ao “bem fazer” e que, desde as pequenas coisas, somos capazes de pensar no outro e em seu benefício, ainda que seja, tão somente, para torná-lo um benefício individual de médio prazo.
domingo, 13 de novembro de 2011
domingo, 6 de junho de 2010
A Inquietude do Tempo
Véspera de eleição é um tempo estranho, cheio de nuances e tensões. Ainda mais aqui no Brasil, em que a legislação parece agir contra o interesse maior da sociedade: debater livremente as alternativas de poder e, assim, construir plataformas sólidas de opções de políticas públicas.
No Piauí, fica sempre o registro de que não é possível vislumbrar grandes debates sobre nossa sociedade. Restringe-se, voluntariamente, o debate tão somente à montagem das chapas e, se alguma está mais perto de chegar lá, é preciso criar marolas e embates fictícios, para que se coloquem a todos os concorrentes sempre no mesmo patamar medíocre.
Neste contexto, temas como: carga tributária; papel do Estado; formas de avançar na qualidade da educação pública; construção de uma saúde pública inclusiva e abrangente; infraestrutura de estradas, energia e de transportes parecem temas de outro mundo, que não tem qualquer condição de afetar o dia a dia das pessoas.
A grande guerra de comunicação que se trava entre as candidaturas parece envolta em pseudo questões, reunidas de maneira a conformar um único grande objetivo: construir máquinas eleitorais eficientes, capazes de mobilizar favoravelmente a opinião dos eleitores.
Os sinais de que a sociedade está perdendo a batalha para as máquinas políticas vêm de todos os lados. Nas eleições presidenciais, a polarização das intenções entre as candidaturas de José Serra (PSDB) e Dilma Roussef (PT) dá espaço a um infindável número de análises sobre se e quando a candidata petista ultrapassará o tucano. Discute-se igualmente, como e se este último poderá reagir, suas agendas públicas parecem desconhecidas e menos importantes. Porque será mesmo que são pré-candidatos? Quais os temas mais importantes de seus partidos e de suas plataformas?
Em nosso Estado, cabe refletir sobre tantos temas e tantas dificuldades que é difícil listar uma ordem clara de prioridades. Particularmente, eu teria duas: o papel do Governo Federal na superação de estrangulamentos claros de nossa economia; e, depois, a capacidade institucional da máquina pública de agir em favor da maioria dos cidadãos. Até aqui, nossa história não permite vislumbrar um ciclo virtuoso de crescimento econômicos, desenvolvimento institucional e melhoria sustentável da qualidade de vida da população.
Há, por certo, iniciativas importantes nesta direção, mas, sempre prevalece a compreensão patrimonialista do papel da máquina pública, ou seja, a política trabalha contra a cidadania, porque dela tira recursos e veta alternativas de construção de resultados práticos e universais para a maioria da população.
Assim, o debate público que se realiza em território piauiense, desde 2009, é pura e simplesmente, eleitoral. Sem claras demandas da sociedade, corremos o risco de assistir a um embate entre grupos que compreendem o poder como máquina e não como serviço. E, assim, nos bastidores se discutirá quanto custa um voto, jamais para que ele serve. Também se dirá que lideranças estão “com fulano”, sendo que disto resulte algo aos que realmente votam e, portanto, constroem aquela liderança.
Não consigo deixar de sentir que somos “dinossauros”: grandes, pesados, arcaicos e incapazes de nos proteger diante de catástrofes que possam nos extinguir. Mas, alimento a esperança de que os movimentos mais subterrâneos da sociedade piauiense são capazes de revolver a terra e dela extrair o alimento da “virada”, que significa a chegada de um outro tempo, que signifique a paixão de fazer e de construir coisas novas, dignas, para quem precisa.
No Piauí, fica sempre o registro de que não é possível vislumbrar grandes debates sobre nossa sociedade. Restringe-se, voluntariamente, o debate tão somente à montagem das chapas e, se alguma está mais perto de chegar lá, é preciso criar marolas e embates fictícios, para que se coloquem a todos os concorrentes sempre no mesmo patamar medíocre.
Neste contexto, temas como: carga tributária; papel do Estado; formas de avançar na qualidade da educação pública; construção de uma saúde pública inclusiva e abrangente; infraestrutura de estradas, energia e de transportes parecem temas de outro mundo, que não tem qualquer condição de afetar o dia a dia das pessoas.
A grande guerra de comunicação que se trava entre as candidaturas parece envolta em pseudo questões, reunidas de maneira a conformar um único grande objetivo: construir máquinas eleitorais eficientes, capazes de mobilizar favoravelmente a opinião dos eleitores.
Os sinais de que a sociedade está perdendo a batalha para as máquinas políticas vêm de todos os lados. Nas eleições presidenciais, a polarização das intenções entre as candidaturas de José Serra (PSDB) e Dilma Roussef (PT) dá espaço a um infindável número de análises sobre se e quando a candidata petista ultrapassará o tucano. Discute-se igualmente, como e se este último poderá reagir, suas agendas públicas parecem desconhecidas e menos importantes. Porque será mesmo que são pré-candidatos? Quais os temas mais importantes de seus partidos e de suas plataformas?
Em nosso Estado, cabe refletir sobre tantos temas e tantas dificuldades que é difícil listar uma ordem clara de prioridades. Particularmente, eu teria duas: o papel do Governo Federal na superação de estrangulamentos claros de nossa economia; e, depois, a capacidade institucional da máquina pública de agir em favor da maioria dos cidadãos. Até aqui, nossa história não permite vislumbrar um ciclo virtuoso de crescimento econômicos, desenvolvimento institucional e melhoria sustentável da qualidade de vida da população.
Há, por certo, iniciativas importantes nesta direção, mas, sempre prevalece a compreensão patrimonialista do papel da máquina pública, ou seja, a política trabalha contra a cidadania, porque dela tira recursos e veta alternativas de construção de resultados práticos e universais para a maioria da população.
Assim, o debate público que se realiza em território piauiense, desde 2009, é pura e simplesmente, eleitoral. Sem claras demandas da sociedade, corremos o risco de assistir a um embate entre grupos que compreendem o poder como máquina e não como serviço. E, assim, nos bastidores se discutirá quanto custa um voto, jamais para que ele serve. Também se dirá que lideranças estão “com fulano”, sendo que disto resulte algo aos que realmente votam e, portanto, constroem aquela liderança.
Não consigo deixar de sentir que somos “dinossauros”: grandes, pesados, arcaicos e incapazes de nos proteger diante de catástrofes que possam nos extinguir. Mas, alimento a esperança de que os movimentos mais subterrâneos da sociedade piauiense são capazes de revolver a terra e dela extrair o alimento da “virada”, que significa a chegada de um outro tempo, que signifique a paixão de fazer e de construir coisas novas, dignas, para quem precisa.
sábado, 29 de maio de 2010
Sobre a coragem de ser.
Sempre paro para pensar no que nos faz gente, no que nos identifica como seres humanos, únicos e individuais, em meio a tanta gente, tantos outros seres humanos, que, semelhantes a nós, buscam sua identidade.
Também imagino como a sociedade se organiza a partir daí, destas centenas de milhares de pessoas que buscam ser elas, reconhecidas a partir de si mesmas, com suas necessidades, desejos, objetivos e expectativas de futuro. Todas em busca do seu “lugar ao sol”.
Individualmente, nossa história começa por nossos valores, pelas coisas que acreditamos e nos fazem ver o mundo de uma determinada forma. Igualdade, justiça, honra, fidelidade, companheirismo, solidariedade, compaixão e tantos outros sentimentos/valores que nos medem diariamente, nas situações mais corriqueiras.
Coletivamente, a competição pela sobrevivência tem um papel essencial na organização de nosso dia a dia. Habilidades, prazos, contas, hierarquias, organizações, instituições, recursos financeiros, tecnologias e todos aqueles instrumentos que tornam possível que realizemos nossos objetivos pessoais.
As Ciências Sociais se organizam a partir destas perguntas, creio eu. Cultura, sociedade, economia e política. Um pouco mais atrás, a dar suporte às compreensões, temos a filosofia, que organiza as visões de mundo e, se também o quiserem, em dimensão diferente, a religião.
O fato concreto da vida é que ela acontece estejamos ou não preparados. Nosso destino será tanto melhor quanto mais percebermos os seus mecanismos e buscarmos nossa adaptação a este duplo engajamento, ser eu e estar com o outro.
No fundo, a política, enquanto atividade, é um modo de fazer a organização destes dois mundos, trazendo para a vida coletiva os aspectos gerais de estruturação que tornam possível crescermos coletivamente, em cultura, valores, riquezas e conhecimento. É atividade nobre, portanto, e indispensável.
Mas, se é assim, por que tantos desacreditam da atividade e, principalmente, de quem a pratica? A resposta mais imediata e superficial remete ao modo como muitos políticos organizam suas vidas individuais em torno dos recursos que a política é capaz de prover. Ou seja, sempre imaginamos que quem faz política quer “se dar bem”.
Os hábitos de tratar o que é público como patrimônio privado; de empregar parentes e/ou apenas pessoas dóceis a quem está no poder; e, finalmente, começar tudo de novo a cada novo mandato, abandonando o que se fez de bom anteriormente, fazem parte desta cultura ruim da política, que hoje é tão presente em nosso “preconceito” dos políticos e da vida política de uma maneira geral.
Na realidade, em um mundo democrático, em que a informação circula livremente, estes hábitos terminam por agredir ao senso comum geral do eleitor, distanciando, todos os dias um pouco mais, a vida pública de sua compreensão mais imediata. Políticos então, passam a ser vistos como “pessoas” que só olham para si mesmas, incapazes de resolver os problemas que afligem a maior parte da população.
Se fossemos medir, em termos de minutos de exposição e, também, páginas de jornal e portais de notícias, dificilmente teríamos um tempo tão propício à discussão política. No Piauí, então, são horas de programação local das TVs e centenas de manchetes diárias de jornais e portais. De fora, é quase como se nada existe fora da política.
Este contraste entre expectativas e realidade é hoje uma base forte do cansaço coletivo que se sente em relação à vida política. Fora uns 20% da população que por afinidade, interesse, ou profissão, são obrigados a acompanhar a evolução dos fatos, a esmagadora maioria do eleitorado não observa a política no dia a dia e, metade dele, como se apurou recentemente, se pudesse, sequer votaria.
Como diria Tocqueville, de boa vontade, ao nos entregarmos às nossas vidas privadas, realizamos a tirania na vida pública. Daí nascem os políticos que só defendem seus próprios interesses, de costas à população. Nascem, igualmente, as frustrações, o sentimento de impotência e a frustração coletiva.
Creio que não seja preciso muito para ser político, destes assim comuns, que constroem carreira na incoerência e na força de uma vontade estritamente individual. Mas é preciso coragem para ser político diferente, destes que erguem compromissos e mobilizam pessoas em nome daquilo que é intangível: valores, princípios e crença de que as coisas podem ser de um novo jeito.
Também imagino como a sociedade se organiza a partir daí, destas centenas de milhares de pessoas que buscam ser elas, reconhecidas a partir de si mesmas, com suas necessidades, desejos, objetivos e expectativas de futuro. Todas em busca do seu “lugar ao sol”.
Individualmente, nossa história começa por nossos valores, pelas coisas que acreditamos e nos fazem ver o mundo de uma determinada forma. Igualdade, justiça, honra, fidelidade, companheirismo, solidariedade, compaixão e tantos outros sentimentos/valores que nos medem diariamente, nas situações mais corriqueiras.
Coletivamente, a competição pela sobrevivência tem um papel essencial na organização de nosso dia a dia. Habilidades, prazos, contas, hierarquias, organizações, instituições, recursos financeiros, tecnologias e todos aqueles instrumentos que tornam possível que realizemos nossos objetivos pessoais.
As Ciências Sociais se organizam a partir destas perguntas, creio eu. Cultura, sociedade, economia e política. Um pouco mais atrás, a dar suporte às compreensões, temos a filosofia, que organiza as visões de mundo e, se também o quiserem, em dimensão diferente, a religião.
O fato concreto da vida é que ela acontece estejamos ou não preparados. Nosso destino será tanto melhor quanto mais percebermos os seus mecanismos e buscarmos nossa adaptação a este duplo engajamento, ser eu e estar com o outro.
No fundo, a política, enquanto atividade, é um modo de fazer a organização destes dois mundos, trazendo para a vida coletiva os aspectos gerais de estruturação que tornam possível crescermos coletivamente, em cultura, valores, riquezas e conhecimento. É atividade nobre, portanto, e indispensável.
Mas, se é assim, por que tantos desacreditam da atividade e, principalmente, de quem a pratica? A resposta mais imediata e superficial remete ao modo como muitos políticos organizam suas vidas individuais em torno dos recursos que a política é capaz de prover. Ou seja, sempre imaginamos que quem faz política quer “se dar bem”.
Os hábitos de tratar o que é público como patrimônio privado; de empregar parentes e/ou apenas pessoas dóceis a quem está no poder; e, finalmente, começar tudo de novo a cada novo mandato, abandonando o que se fez de bom anteriormente, fazem parte desta cultura ruim da política, que hoje é tão presente em nosso “preconceito” dos políticos e da vida política de uma maneira geral.
Na realidade, em um mundo democrático, em que a informação circula livremente, estes hábitos terminam por agredir ao senso comum geral do eleitor, distanciando, todos os dias um pouco mais, a vida pública de sua compreensão mais imediata. Políticos então, passam a ser vistos como “pessoas” que só olham para si mesmas, incapazes de resolver os problemas que afligem a maior parte da população.
Se fossemos medir, em termos de minutos de exposição e, também, páginas de jornal e portais de notícias, dificilmente teríamos um tempo tão propício à discussão política. No Piauí, então, são horas de programação local das TVs e centenas de manchetes diárias de jornais e portais. De fora, é quase como se nada existe fora da política.
Este contraste entre expectativas e realidade é hoje uma base forte do cansaço coletivo que se sente em relação à vida política. Fora uns 20% da população que por afinidade, interesse, ou profissão, são obrigados a acompanhar a evolução dos fatos, a esmagadora maioria do eleitorado não observa a política no dia a dia e, metade dele, como se apurou recentemente, se pudesse, sequer votaria.
Como diria Tocqueville, de boa vontade, ao nos entregarmos às nossas vidas privadas, realizamos a tirania na vida pública. Daí nascem os políticos que só defendem seus próprios interesses, de costas à população. Nascem, igualmente, as frustrações, o sentimento de impotência e a frustração coletiva.
Creio que não seja preciso muito para ser político, destes assim comuns, que constroem carreira na incoerência e na força de uma vontade estritamente individual. Mas é preciso coragem para ser político diferente, destes que erguem compromissos e mobilizam pessoas em nome daquilo que é intangível: valores, princípios e crença de que as coisas podem ser de um novo jeito.
sábado, 22 de maio de 2010
Democracia e Agenda de Governo
Uma das funções principais da democracia é eleger governos, dentro da regra da maioria, a partir de consultas periódicas aos eleitores de um determinado país, estado ou município.
Sendo livres os eleitores e o processo reconhecido como justo para os competidores, a democracia tem como resultado prático a construção de uma agenda de governo. Ou seja, quando elegemos governantes, com eles elegemos as suas prioridades, traduzidas em propostas levadas a conhecimento público durante o processo eleitoral.
O debate político que se trava hoje parece desconhecer tais fatos e se traduz na tentativa de imposição de uma agenda estranha à população, tomando-se em consideração o formato das discussões eleitorais travadas em Teresina, nas últimas cinco eleições.
Este é o primeiro ponto a anotar, desde 1992, o PSDB governou Teresina democraticamente, sendo reconduzido pela população em cinco eleições consecutivas.
Em segundo lugar, em cada uma destas eleições foram travados debates com atores políticos distintos, estando entre os principais o PMDB e o PT, representados por agentes públicos como Alberto Silva, Wellington Dias, Adalgiza Moraes Souza e Nazareno Fonteles.
Que agenda se propôs à população? Em todos os pleitos, o PSDB se propôs à construção da cidade, a partir de sua gente, de suas potencialidades e bem estar. Assim, Teresina despontou como exemplo de gestão pública nas áreas de habitação, urbanização de áreas periféricas da cidade, educação e saúde.
É lícito afirmar que fizemos uma agenda voltada para o cidadão pobre, migrante de outras áreas pobres do Piauí, que para Teresina acorreu em busca de oportunidades.
Isto foi feito sob enorme pressão da expansão demográfica do município, que no censo de 1991, possuía 599.272 habitantes. Já em 2009, a estimativa do IBGE é de uma população de 802.537 residentes. Portanto, em menos de vinte anos, chegaram ou nasceram em Teresina, 203.265 novas pessoas.
Vale lembrar que o número é praticamente idêntico à população atual de Parnaíba, 146.059, e Floriano, 57.968, juntas. Para ser exato, são apenas 762 habitantes a menos do que o somatório de suas populações.
A constatação básica diante deste número é a de enorme capacidade administrativa e política. Novas habitações, centros de produção, escolas, creches, postos de saúde, hospitais, centros de referência em assistência, apoio à zona rural e modernização urbana.
O legado das administrações do PSDB a Teresina é positivo, concreto e palpável. Críticas eleitorais não apagarão da mente do cidadão um retrospecto de obras voltadas a quem mais precisava e precisa.
A capital mais pobre do país soube acolher centenas de milhares de pessoas, construindo uma rede de serviços básicos que, em chave conservadora e elitista, sempre foi atacada como uma indústria.
Portanto, que a partir do processo eleitoral e da saída do PSDB da composição política que sustenta o governo da cidade se queira criticar o trânsito, as galerias e outros aspectos, nos parece justo. Mas, ao olhar o passado recente, devemos também lembrar que, nas urnas, a social democracia teresinense construiu um referencial de cidade, que acolhe aos seus e aos demais, inclusive de outros estados, em função de seus sucessos.
Esta é ainda a agenda da cidade: a) educação baseada no mérito e nos resultados; b) um planejamento urbano formatado à modernização e circulação das áreas mais pobres do município; c) investimentos maciços em habitação e iluminação pública; d) construção de novas vias de acesso em todas as regiões; e) um sistema de saúde que cuida dos piauienses, maranhenses e cidadãos de outros estados, tornando concreta a idéia de assistência universal ao cidadão.
Nada disto foi feito sem a coragem de governar para quem mais precisa. Mais do que isto, não foi feito pelo caminho fácil das medidas sempre populares, respaldadas em massivas campanhas de mídia. Ao contrário, houve sempre confrontos e desencontros com largos setores da vida da cidade, que, de resto, entenderam o propósito de cuidar de Teresina com planejamento, austeridade, transparência e respeito pelos cidadãos.
Esta é a vocação que a cidade reclama de suas administrações, tecnicamente orientadas e focadas na busca pelo resultado. Esta vocação se traduz na capacidade de fazer com que os recursos públicos, sempre escassos, sirvam a todos, em especial, àqueles que mais necessitam do apoio e respeito do setor público.
Este é o legado do PSDB de Teresina, sua história, construída em obras, umas visíveis, de concreto. Outras pulsando no dia a dia da cidade. Vale lembrar que, “a fé, sem obras, é morta”.
Sendo livres os eleitores e o processo reconhecido como justo para os competidores, a democracia tem como resultado prático a construção de uma agenda de governo. Ou seja, quando elegemos governantes, com eles elegemos as suas prioridades, traduzidas em propostas levadas a conhecimento público durante o processo eleitoral.
O debate político que se trava hoje parece desconhecer tais fatos e se traduz na tentativa de imposição de uma agenda estranha à população, tomando-se em consideração o formato das discussões eleitorais travadas em Teresina, nas últimas cinco eleições.
Este é o primeiro ponto a anotar, desde 1992, o PSDB governou Teresina democraticamente, sendo reconduzido pela população em cinco eleições consecutivas.
Em segundo lugar, em cada uma destas eleições foram travados debates com atores políticos distintos, estando entre os principais o PMDB e o PT, representados por agentes públicos como Alberto Silva, Wellington Dias, Adalgiza Moraes Souza e Nazareno Fonteles.
Que agenda se propôs à população? Em todos os pleitos, o PSDB se propôs à construção da cidade, a partir de sua gente, de suas potencialidades e bem estar. Assim, Teresina despontou como exemplo de gestão pública nas áreas de habitação, urbanização de áreas periféricas da cidade, educação e saúde.
É lícito afirmar que fizemos uma agenda voltada para o cidadão pobre, migrante de outras áreas pobres do Piauí, que para Teresina acorreu em busca de oportunidades.
Isto foi feito sob enorme pressão da expansão demográfica do município, que no censo de 1991, possuía 599.272 habitantes. Já em 2009, a estimativa do IBGE é de uma população de 802.537 residentes. Portanto, em menos de vinte anos, chegaram ou nasceram em Teresina, 203.265 novas pessoas.
Vale lembrar que o número é praticamente idêntico à população atual de Parnaíba, 146.059, e Floriano, 57.968, juntas. Para ser exato, são apenas 762 habitantes a menos do que o somatório de suas populações.
A constatação básica diante deste número é a de enorme capacidade administrativa e política. Novas habitações, centros de produção, escolas, creches, postos de saúde, hospitais, centros de referência em assistência, apoio à zona rural e modernização urbana.
O legado das administrações do PSDB a Teresina é positivo, concreto e palpável. Críticas eleitorais não apagarão da mente do cidadão um retrospecto de obras voltadas a quem mais precisava e precisa.
A capital mais pobre do país soube acolher centenas de milhares de pessoas, construindo uma rede de serviços básicos que, em chave conservadora e elitista, sempre foi atacada como uma indústria.
Portanto, que a partir do processo eleitoral e da saída do PSDB da composição política que sustenta o governo da cidade se queira criticar o trânsito, as galerias e outros aspectos, nos parece justo. Mas, ao olhar o passado recente, devemos também lembrar que, nas urnas, a social democracia teresinense construiu um referencial de cidade, que acolhe aos seus e aos demais, inclusive de outros estados, em função de seus sucessos.
Esta é ainda a agenda da cidade: a) educação baseada no mérito e nos resultados; b) um planejamento urbano formatado à modernização e circulação das áreas mais pobres do município; c) investimentos maciços em habitação e iluminação pública; d) construção de novas vias de acesso em todas as regiões; e) um sistema de saúde que cuida dos piauienses, maranhenses e cidadãos de outros estados, tornando concreta a idéia de assistência universal ao cidadão.
Nada disto foi feito sem a coragem de governar para quem mais precisa. Mais do que isto, não foi feito pelo caminho fácil das medidas sempre populares, respaldadas em massivas campanhas de mídia. Ao contrário, houve sempre confrontos e desencontros com largos setores da vida da cidade, que, de resto, entenderam o propósito de cuidar de Teresina com planejamento, austeridade, transparência e respeito pelos cidadãos.
Esta é a vocação que a cidade reclama de suas administrações, tecnicamente orientadas e focadas na busca pelo resultado. Esta vocação se traduz na capacidade de fazer com que os recursos públicos, sempre escassos, sirvam a todos, em especial, àqueles que mais necessitam do apoio e respeito do setor público.
Este é o legado do PSDB de Teresina, sua história, construída em obras, umas visíveis, de concreto. Outras pulsando no dia a dia da cidade. Vale lembrar que, “a fé, sem obras, é morta”.
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